sexta-feira, 13 de maio de 2011

Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então, era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios.
Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo.
Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. E de eu ser assim e falar tudo na lata. E de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. E de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. E de eu ter ido dormir com dor na alma o final de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. E desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê e nem por quê. Revelo, então, mais uma vez, minha estupidez, já que não é você quem vai me salvar e nem muito menos me catapultar pra uma dimensão mais tranquila e menos ansiosa de coisas que não têm nome.
Tenho medo de respirar e quebrar o encanto.

sábado, 7 de maio de 2011

Eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências.
Pouca-vergonha é fome, é doença, é miséria, é a sujeira deste lugar, pouca-vergonha é falta de liberdade e a estupidez de vocês.
Minha lâmpada de cabeceira está estragada. Não sei o que é, não entendo dessas coisas. Ela acende e, sem a gente esperar, apaga. Depois acende de novo, para em seguida tornar a apagar. Me sinto igual a ela: também só acendo de vez em quando, sem ninguém esperar, sem motivo aparente. Para a lâmpada pode-se chamar um eletricista. Ele dará um jeito, mexerá nos fios e em breve ela voltará a ser normal, previsível. Mas e eu? Quem desvendará meu interior para consertar meus defeitos?
Silêncio, ando obcecado por silêncio. Um silêncio que te permita ouvir o ruído do vento. E o bater do coração. E se possível isso que chamamos de Deus, existindo devagarinho em cada coisa. Existe sim.
Pessoas sempre sentem coisas nos filmes, nos bares, nas músicas, nas histórias. Nas vidas acho que também, só que não se dão conta.

O bom dia de cada dia

Mas difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer e ainda não sei o que será.
Eu sinto ciúme quando alguém te abraça, porque por um segundo essa pessoa está segurando meu mundo inteiro.
a gente tem que descobrir maneiras — sejam quais forem — de ficarmos fortes.

Saberíamos

Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

game over

..Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo...

domingo, 1 de maio de 2011

chorei

Chorei por três horas, depois dormi dois dias. Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite.
Há pessoas que nascem para serem sós a vida inteira. Eu, por exemplo. (…) Freqüentemente me assusto, pensando que a vida vai acabar sem que eu encontre um grande amor ou uma grande amizade, ou mesmo uma grande vocação que justifique esse isolamento.
Hoje eu pensei em você quase o dia inteiro. Suas lembranças me tocavam, era como se eu sentisse sua presença, sabe? Meu pai sempre me diz que quando eu sinto isso é porque a outra pessoa está pensando em mim, será?
Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco.
Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. […] Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio – viria? virá? – e minto não, já não preciso. Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano.
Hoje existir me dói feito uma bofetada.
Às vezes a gente vai-se fechando dentro da própria cabeça, e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é. Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas.
Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me seqüestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar.
Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor.
Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia.

poesia são para vc

Faz um bom tempo que a vontade de escrever e de poetizar se resume a você.

lagrimas q

Chorei um oceano inteiro essa noite - precisava esvaziar. 

renovação

Preciso muito que alguma coisa muito muito boa aconteça na minha vida… alguma coisa, alguma pessoa. Acho que tenho medo de não conseguir deixar que o passado seja passado, de aceitar verdades pela metade, de viver de ilusão ! Eu preciso muito muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília ! Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração ! Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo.

bomdia

Eu sei que todos os dias quando eu acordo, Deus dá um sorriso e me diz: Estou te dando a chance de tentar de novo.

e..

Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.
Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.
Eu sempre acho que cansei de ti, de mim, mas ai vem o amor e revigora.
Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros.
- Não é triste? - perguntou - Você não se sente só? (…) Sorriu forte: - A gente acostuma.
Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras — 
e por tudo isso, ando cada vez mais só.
Já li tudo,cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acumpuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia. Sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê?
Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar.